Felicidade Não É A Ausência De Problemas E Sim Como Vocês Os Tratam.

Felicidade não é a ausência de problemas e sim como vocês os tratam.

O que é felicidade? Um momento, uma emoção ou um estado de espírito? Tão subjetiva quanto cobiçada, a resposta para essa pergunta pode ser mais simples do que imaginamos. Ao contrário do que se pensa, para se alcançar a felicidade não é preciso viver num conto de fadas. Para além da busca pela satisfação a qualquer preço, o que está em jogo é o cultivo de emoções positivas para a promoção do bem estar.

Você já deve ter ouvido o enfadonho discurso do ‘não sou feliz porque ganho pouco’, ou ‘perco horas no trânsito e isso acaba com o meu dia’, quem sabe até um ‘sou infeliz no meu relacionamento porque o meu parceiro(a) não me compreende’. Isso geralmente acontece com quem acredita que sua vida e suas escolhas são controladas apenas por fatores externos. Essas pessoas ignoram completamente o poder da força interior que as ajudariam a construir uma nova noção individual de bem estar.

“Ninguém muda ninguém, mas cada um pode controlar a própria vida. Se eu percebo que não sou tão feliz quanto gostaria, é importante eu saber que a atitude de arregaçar as mangas e correr atrás do prejuízo só depende de mim”, diz Lilian Graziano, doutora em psicologia pela USP e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento (IPPC), em São Paulo.

Segundo a pesquisadora, a busca pelo bem estar começa com o abandono da ideia de ‘prazer imediato’ ou ‘satisfação a qualquer custo’. Isso é necessário porque o entendimento de que a felicidade é constituída por ‘momentos’ pode nos condicionar a reparar só no que nos falta, em detrimento das virtudes que temos. De acordo com Lilian, o conceito de felicidade, também conhecido como bem estar subjetivo, é composto pela ideia de satisfação com a vida e cultivo de emoções positivas, além de baixos níveis de humores negativos. “

A felicidade é um balanço que fazemos de nossas vidas”, diz a psicóloga. Sendo assim, os chamados ‘momentos’ precisam ser entendidos como ‘prazeres’ que, embora componham a felicidade, devem ser moderados. “Construir uma vida alicerçada no princípio de prazer pode representar, inclusive, situação de desprazer, em função dos excessos”, diz. Ou seja, a busca pelo bem estar requer esforço diário e consciência das ferramentas internas que temos a nossa disposição.

Mas, afinal, que ferramentas são essas? Emoções positivas Todo individuo é capaz de, como diria o poema, ‘plantar o jardim e decorar a própria alma’. O nível de felicidade, seja alto ou baixo, depende exclusivamente do tipo de emoções que alimentamos dentro de nós e da maneira que combatemos aquilo que nos incomoda. O cultivo de emoções positivas como a alegria, o perdão, a gratificação, a esperança ou o otimismo nos fornece exatamente o tipo de energia necessária para a construção do bem estar subjetivo de longo prazo, ou seja, da felicidade. Nesse caso, uma ressalva precisa ser feita: as expressões ‘negativas’ e ‘positivas’, no caso das emoções, não devem ser compreendidas com o sentido de funcionalidade (uma é ruim e a outra é boa), mas no de serem agradáveis ou não de serem sentidas.

Aliás, sequer viveríamos sem as chamadas ‘emoções negativas’, tal como o medo, a raiva ou a tristeza. “Muita gente tenta combater o estresse com o princípio de eliminar as emoções negativas. Tirar a dor não significa que sejamos mais felizes”, afirma a psicóloga. Sendo assim, as pessoas podem utilizar, basicamente, dois caminhos para alcançar o bem estar: o primeiro é combater as emoções negativas, muitas vezes buscando a satisfação imediata e os ditos ‘momentos’ de felicidade; outro, no entanto, consiste em promover as próprias virtudes e as forças de caráter. “Acontece quando não conhecemos apenas as nossas limitações, pois se olharmos para o nosso lado ‘sombra’, não encontraremos razões para levantar da cama todos os dias. Essa é a raiz da auto-estima: deixar aflorar o temos de melhor para oferecer ao mundo”, conclui Lilian.

Nestor de Almeida

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