Artigo: A Batalha Contra A Timidez.

Artigo: A batalha contra a timidez. Por Alberto Peñalba – Da Efe Você sua frio para falar em público? Sente que o olhar dos outros atravessa seu corpo e revela todos os seus temores? Isso significa que você sofre de timidez, um dos sentimentos mais complexos do ser humano. Em seu livro sobre vergonha, o neuropsiquiatra francês Boris Cyrulnik analisa todos os fatores relacionados a esse medo do olhar alheio. O que as crianças que se escondem atrás da mãe quando chega um desconhecido tê em comum com as pessoas que enterram o rosto debaixo do travesseiro para que ninguém veja seu sofrimento? A resposta é a timidez, um sentimento baseado na imagem que a pessoa acredita dar aos demais, analisado a fundo pelo neuropsiquiatra Boris Cyrulnik em seu livro ‘Mourir de dire: La honte’ (‘Morrer de falar: a vergonha’, em tradução livre). Atribuir ao outro um olhar severo é a principal causa deste comportamento que, por ser provocado por uma representação do eu, se manifesta com especial virulência durante a adolescência, pois é nessa idade que o jovem começa a fazer seriamente perguntas como ‘quem sou eu diante dos olhos do outro?’. Embora sentir certa vergonha em algumas ocasiões seja ‘a prova de um bom amadurecimento biológico e de um bom desenvolvimento das aptidões relacionais, o excesso dela revela uma sensibilidade exagerada próxima à fobia, uma tendência a se despersonalizar para deixar lugar ao outro’, indica o especialista francês, de origem russa. Esta importância concedida da opinião dos demais pode significar que um mesmo fato se revista de orgulho dependendo do contexto social onde se desenvolva. Assim, muitos dos funcionários da polícia alemã se sentiram envergonhados diante de seus companheiros quando, entre 1939 e 1942, foram incapazes de cumprir as ordens de assassinar as crianças e judeus da região polonesa de Lodz. ‘Já os corajosos homens do 101º batalhão da polícia não sentiram vergonha de executar uma a uma, nas ruas, nos hospitais e nas escolas, as 83 mil pessoas’, assinala o autor, referindo-se àqueles homens que, ao contrário, acataram as atrozes ordens de seus superiores. Vergonha justa e necessária Como reconhece o autor, cujos pais morreram em um campo de concentração nazista quando ele ainda era criança, os sentimentos de vergonha e culpa são necessários para que nossas relações não se reduzam à violência. No entanto, o prolongamento deste sentimento em nossa vida di¨¢ria provoca ‘um mal-estar consciente’ que implica a triste ren¨²ncia ao prazer de viver sem essas ataduras, sobretudo quando, segundo o especialista, ‘se pode sentir vergonha sem motivo para sentir vergonha’. Ao não compartilhar suas emoções com os outros, o envergonhado instala em seu interior uma espécie de alto-falante que faz com que elas se amplifiquem. ‘A pessoa deseja falar, gostaria de dizer que é prisioneira de sua linguagem muda’. Como tratamento, alguns dos afetados por este temor ao olhar alheio se usam do recurso de escrever uma autobiografia em terceira pessoa. Cyrulnik destaca que o fato de dar ‘forma verbal à sua fratura’ e de compartilhá-la por escrito, apesar de seus medos, permite à pessoa ‘se libertar da imagem do monstro que acreditava ser’. Os animais sentem vergonha? Na opinião do autor francês, a resposta é sim: os animais sentem vergonha, como demonstram suas observações realizadas no zoológico de San Diego (EUA), onde comprovou que os bonobos, uma espécie de chimpanzé pequeno, cobriam seus olhos com a mão ao se sentirem observados por visitantes desconhecidos. Estudos analisados por Cyrulnik demonstram que existe uma relação entre este sentimento de timidez e o nível de serotonina, um neurotransmissor ao qual se atribui uma influência decisiva em manifestações humanas, como a raiva e o humor. Conforme diminuem os níveis deste elemento, aumenta o temor perante qualquer informação do exterior, e o sujeito pode chegar a respondê-la com violência. Mas, na opinião do pesquisador, a genética é ‘insuficiente para explicar uma trajetória de vida’ e o déficit desta substância não é o único causador da vergonha demonstrada pelos primatas. Problemas familiares, por exemplo, podem afetar o comportamento social das crianças, que não desenvolvem as habilidades necessárias para conviver com outras pessoas. Essas reações podem ser passadas dos pais para os filhos geneticamente hipersensíveis, mas, segundo o escritor, as crianças podem superar seus medos se receberem um ‘reforço afetivo precoce’. Permanecendo atento ao olhar dos outros sem haver rejeição, poderão se transformar em ‘adultos bons, conformistas, sensíveis e equilibrados’. Contatos: Nestor de Almeida Palestrante 11-96260-5811 (OI) 11-96456-8466 (TIM) almeida1vencedor@almeida1vencedor.com SKYPE: nestor.almeida1 www.almeida1vencedor.com

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